A crise financeira de 2008 e a economia neoclássica

v. 30 n. 1 (2010)

jan-Mar / 2010
Publicado em janeiro 1, 2010
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Como Citar

Bresser-Pereira, Luiz Carlos. 2010. “A Crise Financeira De 2008 E a Economia neoclássica”. Brazilian Journal of Political Economy 30 (1):3-26. https://centrodeeconomiapolitica.org.br/repojs/index.php/journal/article/view/427.

A crise financeira de 2008 e a economia neoclássica

Luiz Carlos Bresser-Pereira
Emeritus professor of Getulio Vargas Foundation
Brazilian Journal of Political Economy, v. 30 n. 1 (2010), jan-Mar / 2010, Pages 3-26

Resumo

A crise financeira global de 2008 foi conseqüência do processo de financeirização, ou da criação de riqueza financeira fictícia maciça, iniciada na década de 1980, e da hegemonia de uma ideologia reacionária, a saber, o neoliberalismo, baseado em mercados auto-regulados e eficientes. . Embora o capitalismo seja intrinsecamente instável, as lições do colapso da bolsa de 1929 e da Grande Depressão da década de 1930 foram transformadas em teorias e instituições ou regulamentos que levaram aos "30 anos gloriosos do capitalismo" (1948-1977) e que poderiam evitaram uma crise financeira tão profunda quanto a atual. Isso não aconteceu porque uma coalizão de rentistas e “financiadores” alcançou hegemonia e, apesar de desregular as operações financeiras existentes, se recusou a regular as inovações financeiras que tornavam esses mercados ainda mais arriscados. A economia neoclássica desempenhou o papel de uma meta-ideologia, uma vez que legitimou, matematicamente e "cientificamente", ideologia e desregulação neoliberal. A partir dessa crise, um novo capitalismo emergirá, embora seu caráter seja difícil de prever. Não será financeirizado, mas as tendências presentes nos 30 anos gloriosos em direção ao capitalismo global e baseado no conhecimento, onde os profissionais terão mais voz do que capitalistas rentistas, bem como a tendência para melhorar a democracia, tornando-a mais social e participativa, serão retomadas.

Classificação JEL: E30; P1.

 


Palavras-chave: crise financeira neoliberalismo desregulamentação financeirizacão coalizão política