v. 9 n. 4 (1989): Oct-Dec / 1989


v. 9 n. 4 (1989)

Oct-Dec / 1989
Publicado em outubro 1, 1989

Artigo


Entre inconformismo e reformismo
Celso Furtado
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1467

Trata-se de um artigo-síntese, onde o autor resume sua teoria do desenvolvimento
e do subdesenvolvimento. Algumas ideias básicas são aqui apresentadas: a teoria econômica
do desenvolvimento deve começar com o estudo da história; o subdesenvolvimento
é um fenômeno histórico e econômico específico, que não pode ser pensado em termos de
etapas lineares da história; esse fenômeno histórico deve ser estudado em termos estruturais,
relacionando a história e os aspectos econômicos; a característica básica do subdesenvolvimento
é a relação de dependência, expressa no sistema centro-periferia; no estudo do
desenvolvimento o conceito básico para começar é o conceito de excedente social, suas
formas de apropriação e utilização. O artigo termina com uma análise das frustrações de
um reformista. O protecionismo, que era justificável numa primeira fase da industrialização,
foi mantido por muito tempo na América Latina; numa segunda fase, era necessária uma
política econômica ativa para as exportações. Por outro lado, o risco populista sempre esteve
presente, enquanto os reais problemas sociais relacionados ao alto nível de concentração
de renda não foram resolvidos.

Classificação JEL: B22; E12; B31.


Celso Furtado e o pensamento econômico brasileiro
Guido Mantega
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1469

As obras de Celso Furtado marcam tanto o surgimento quanto a consolidação do
pensamento econômico brasileiro. Suas principais obras (como Formação Econômica do
Brasil e Desenvolvimento e Subdesenvolvimento) estabeleceram a base de referência para
o debate econômico ocorrido nos últimos trinta anos no Brasil. A teoria do subdesenvolvimento,
elaborada por Celso Furtado, forneceu a base teórica do desenvolvimento, a doutrina
que norteou as políticas econômicas de vários governos latino-americanos e afirmou o
estabelecimento da industrialização no Brasil. Este artigo busca recompor os passos para a
constituição da teoria do subdesenvolvimento, explicitando as principais questões teóricas
sobre esse problema e seus resultados práticos.

Classificação JEL: B22; B31.


Formação econômica do Brasil: uma obra-prima do estruturalismo cepalino
Ricardo Bielschowsky
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1491

Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado, é o livro mais famoso da
literatura econômica brasileira, desde sua primeira edição, há trinta anos. A essa altura,
teve de imediato um impacto considerável nas ciências sociais brasileiras. Este artigo trata
do contexto intelectual e ideológico brasileiro da década de 1950 e aponta os elementos
“ecla-estruturalistas” da obra-prima de Furtado. A metodologia do livro, bem como seus
aspectos analíticos, tem forte ligação com esse contexto.

Classificação JEL: B22; B31; Y30.


O problema da dívida e a nova fase da crise mundial
Alain Lipietz
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1483

Este artigo trata das fases e problemas da crise de transição do “fordismo” para
uma nova ordem e um novo modelo de crescimento da economia mundial. As duas respostas
diferentes aos problemas de queda de produtividade – redução radical dos custos
trabalhistas ou um novo contrato social – são apontadas como determinantes da evolução
da crise e, em especial, do desenvolvimento do déficit comercial americano e da dívida do
Tesouro, e do terceiro mundo dívida. Mostra-se que a solução pelo pagamento da dívida
não é viável e que a lógica macroeconômica leva à desvalorização como resposta adequada.
Problemas éticos, políticos e técnicos desse esquema são analisados indicando que mais
provavelmente a desvalorização da dívida será combinada com um reajuste do fluxo de exportação
dos Estados Unidos e do Terceiro Mundo contra a Europa e o Japão. Por fim, são
discutidas as possibilidades de uma contribuição europeia significativa para este reajuste.
Argumenta-se que, para que isso ocorra, uma política social comum para a Europa deve ser
adotada antes da unificação de 1992.

Classificação JEL: F50; F55; P10.


Ajustamento das contas públicas na presença de uma dívida elevada: observações sobre o caso brasileiro
Paulo Nogueira Batista Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1486

Este artigo examina os obstáculos ao ajuste do setor público decorrentes da existência
de um alto nível de endividamento do governo na forma de obrigações de curto
prazo ou taxas de juros flutuantes. Nesse contexto, os programas de ajuste que dependem
exclusivamente de aumentos de impostos e/ou reduções de gastos governamentais não financeiros
têm possibilidades limitadas de sucesso. Além de tornar o orçamento altamente
vulnerável a aumentos nas taxas de juros externas e internas, o tamanho e a composição
da dívida pública brasileira restringem severamente a eficácia das políticas monetária e
cambial. O artigo conclui que, nas atuais circunstâncias, um programa de estabilização
bem-sucedido teria que envolver ajuste fiscal, tratamento de choque contra a inflação e
reestruturação da dívida pública.

Classificação JEL: H63; E62.


O Acordo de Bretton Woods e a evidência histórica. O sistema financeiro internacional no pós-guerra
Samuel Kilsztajn
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1489

O Acordo de Bretton Woods refletiu a hegemonia dos Estados Unidos no pós-
-guerra e o dólar estava vinculado à commodity que historicamente representou o dinheiro
internacional – o ouro. No entanto, os demais países desenvolvidos não puderam permitir a
conversibilidade da moeda até 1958 e em 1960 a crise do dólar já era evidente. Da “escassez
do dólar” à crise do dólar, Bretton Woods foi, na verdade, apenas uma miragem. O aspecto
mais significativo da crise do dólar foi certamente o desenvolvimento do mercado Euromoney.
Na atualidade, com o “padrão ouro”, por um lado, e projetos de moeda artificial, por
outro, o sistema monetário internacional está evoluindo para um sistema oligopolar.

Classificação JEL: N20; N10.


Teorias keynesianas de investimento: neo-, pós-, e novo
Steven Fazzari
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1495

O artigo tem como objetivo geral analisar as formulações desenvolvidas por três
vertentes interpretativas da teoria do investimento de Keynes, especificamente no que tange
às inter-relações entre variáveis reais e monetário-financeiras. Após destacar o caráter
inovador da formulação de Keynes sobre a questão, o autor percorre as abordagens dos
neokeynesianos (síntese neoclássica), pós-keynesianos e novos keynesianos, tendo em vista
focalizar a questão central do artigo, qual seja, avaliar a existência ou não de possíveis relações
entre os novos keynesianos e as duas outras vertentes no que diz respeito aos vínculos
entre finanças e investimento. Em particular, o autor objetiva avaliar se as formulações dos
novos keynesianos representam ou não uma convergência entre as visões neo e pós.

Classificação JEL: E12; E22.

Comentários


Uma crítica à refutação lógica da macroeconomia neoclássica
Alexandre Schwartsman, Luiz Fernando Eleutério Lopes, Samuel de Abreu Pessôa
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1513

Este artigo é uma resposta ao artigo de Gilson Schwartz, publicado na Revista
de Economia Política, vol. 9, n. 1. Mostra que sua pretendida refutação lógica da teoria
macroeconômica neoclássica se deve a mal-entendidos conceituais. Demonstra esses mal-
-entendidos e sugere algumas formas mais razoáveis de crítica à macroeconomia neoclássica.

Classificação JEL: B41; B21.


Contra a funilaria econômica
Gilson Schwartz
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1518

Resposta a “Uma crítica à refutação lógica da macroeconomia neoclássica”, de
Schwartsmann, Lopes e Pessôa, publicado nessa edição da Revista de Economia Política.

Classificação JEL: B41; B21.

Documento


O Plano Verão e a crise estrutural da economia brasileira
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1521

Em 10 de maio de 1989 o professor Luiz Carlos Bresser-Pereira, Professor Titular
de Economia da Fundação Getúlio Vargas e editor desta Revista, fez a seguinte exposição
perante a reunião conjunta da Comissão de Finanças e da Comissão de Economia da Câmara
dos Deputados.

Classificação JEL: E62; E31.


A crise fiscal e as diretrizes orçamentárias
José Serra
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571989-1524

Isso é parte do relatório de Serra como patrocinador do projeto de lei orçamentária
de 1990. Trata-se de peça relevante tendo em vista que foi discutida logo após a aprovação
de uma nova constituição no Brasil, com novas disposições legais e gastos obrigatórios.
Professor Titular de Economia da Fundação Getúlio Vargas e editor desta Revista, fez a
seguinte exposição perante a reunião conjunta da Comissão de Finanças e da Comissão de
Economia da Câmara dos Deputados.

Classificação JEL: H61; E62.