v. 39 n. 3 (2019): Jul-Set / 2019


v. 39 n. 3 (2019)

Jul-Set / 2019
Publicado em julho 1, 2019

Artigo


A política comercial dos EUA no contexto da crise global e o declínio da hegemonia norte-americana
Arturo Guillén
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572019-3046

A crise global de 2007 reforçou as tendências deflacionárias, assim como a retirada dos países centrais para dentro. Após a Grande Recessão de 2008-2009, a maioria das economias experimentou processos de semiestagnação e deglobalização. A crise acelerou o declínio da hegemonia dos Estados Unidos. Embora mantenham uma vantagem militar esmagadora e mantenham a hegemonia financeira, perderam terreno na produção, no comércio internacional e no investimento direto estrangeiro. A política comercial de Trump acelerará a desglobalização. E enquanto seu corte de impostos teve um efeito positivo de curto prazo no crescimento, será difícil superar a “estagnação secular”.

Classificação JEL: F4.


Economia e metodologia econômica em um mundo econômico centro-periferia
John B. Davis
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo usa uma distinção centro-periferia para caracterizar a economia contemporânea, a metodologia econômica e também a economia mundial atual. Primeiro, aplica a distinção à organização da economia contemporânea através de um exame do problema de explicar as relações e fronteiras da economia com outras disciplinas. Em segundo lugar, argumenta que a organização centro-periférica da economia é replicada numa organização similar do uso e prática da metodologia econômica contemporânea na economia. Terceiro, ela se baseia no uso do pensamento centro-periferia na própria economia com relação ao desenvolvimento desigual da economia mundial para fornecer possíveis bases para a economia e metodologia econômica sendo organizada em termos de periferia. Quarto, o artigo discute brevemente três forças potenciais de contrapeso que operam no desenvolvimento da economia contemporânea que podem funcionar contra sua organização periferia.

Classificação JEL: A12; B41; B50; O20.


O choque nos preços das commodities e a economia brasileira nos anos 2000
Marcos Tadeu Caputi Lélis, André Moreira Cunha, Priscila Linck
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-35172019-2968

O presente trabalho avalia os impactos macroeconômicos da queda nos preços das commodities na economia brasileira ao longo dos anos 2000. Por meio da aplicação de dois métodos estatísticos complementares - os modelos Markov Switching Dynamic Regression e Vetoriais Autorregressivos (VAR) – foi possível estimar que 1/3 da desaceleração econômica pós-2014 esteve associada à mudança no regime de preços das commodities.

Classificação JEL: O11; F44; E32; F63.


Desigualdades e acumulação de capital na China
Isabela Nogueira, João Victor Guimarães, João Pedro Braga
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-35172019-2929

Esse artigo contribui para o debate sobre distribuição de renda e riqueza na China ao analisar as principais características do padrão de acumulação chinês que determinam sua dinâmica distributiva em uma perspectiva comparada. Depois de um período de rápido crescimento das desigualdades, acompanhado por redução abissal da pobreza e melhora nas condições de vida de todos os decis da distribuição, as desigualdades se estabilizaram na China desde meados dos anos 2000. Globalmente, a China se encontra hoje em uma situação distributiva pior do que a média da Europa Ocidental ou Japão, mas mais igualitária do que Estados Unidos e muito distante dos limites extremos da má distribuição como Brasil, Índia, África do Sul e Oriente Médio. Neste artigo, nós escrutinamos três características do regime de acumulação na China que arrefecem a tendência concentradora do capital naquele país: 1. o processo de financeirização com características chinesas, 2. a estratégica fatia da propriedade estatal na economia, 3. sua trajetória na questão agrária.

Classificação JEL: O10; O53; D30; P16.


Globalização econômica no pós-crise global de 2008: limites e impasses
Rafael Henrique Dias Manzi
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-35172019-2922

A globalização econômica entrou em uma nova fase de relativa estagnação e arrefecimento a partir do início da crise global de 2008. O principal objetivo desse artigo é examinar as dinâmicas que explicam o arrefecimento do processo globalização econômica a partir do início da crise global de 2008. Os resultados iniciais indicam que o processo de estagnação das forças globais não está ligado apenas a uma conjuntura de menor crescimento econômico da própria economia global após 2008, mas também reflete principalmente dinâmicas políticas no âmbito dos estados nacionais e do próprio sistema internacional que possuem impacto direto sobre o fenômeno da globalização econômica.

Classificação JEL: F02; F06; F68.

 


A equação de Cambridge e o Novo Teorema de Pasinetti nos modelos pós-Keynesianos de crescimento e distribuição de renda
José Luis Oreiro, Luís Carlos G. de Magalhães
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-35172019-2991

Ao longo deste artigo procuramos avaliar a robustez teórica do assim chamado Novo Teorema de Pasinetti, segundo o qual numa economia na qual a diferenciação entre as propensões a poupar a partir dos lucros e dos salários deve-se a natureza da renda empresarial, não a filiação a uma classe social específica; a taxa de lucro ao longo da trajetória de crescimento de Golden Age é independente da propensão a poupar dos trabalhadores, sendo determinada pelo coeficiente de retenção de lucros das firmas, pela fração do investimento que as empresas desejam financiar com recursos de terceiros e pela taxa natural de crescimento.

Classificação JEL: E11; E12; G11; O42.


Uma tentativa de integração entre Keynes e Kalecki: investimento e dinâmica
Maria Isabel Busato, Ana Cristina Reif, Mario Luiz Possas
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-35172019-2909

Keynes e Kalecki foram os precursores dos modelos de dinâmica baseados no Princípio da Demanda Efetiva e atribuíram ao investimento papel central para aquela. Kalecki retrata uma dinâmica cíclica regular associada ao efeito dual e defasado do investimento. Já o modelo de Keynes descreve uma dinâmica potencialmente instável, resultado das decisões baseadas em expectativas formuladas sob incerteza. Este artigo tem como objetivo construir uma interpretação integradora das visões dos autores, possibilitando uma melhor compreensão dos fatos estilizados que mostram que a dinâmica capitalista é marcada por fases de regularidade cíclica que são eventualmente quebradas, dando lugar à instabilidade.

Classificação JEL: E12; E11; E22.


Ainda é possível que os países em desenvolvimento façam seu catching up no século XXI?
Ligia Zagato
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-35172019-2849

No presente artigo discorre-se a possibilidade de Países em Desenvolvimento (PED) ainda realizarem seu catchingup no contexto do século XXI. Para isso, são analisados alguns casos emblemáticos de desenvolvimento - Inglaterra, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Verifica-se que esses Países Desenvolvidos valeram-se de quatro estratégias de desenvolvimento, a emulação, a adoção de política industrial, o investimento em inovação tecnológica e a atuação ativa do Estado. Acredita-se que se essa estratégia for adaptada aos novos contextos nacionais e internacional ela continue sendo adequada para a promoção do desenvolvimento.

Classificação JEL: O11; O14; O25; O31; O38; O40; O50.


A atuação histórica do BNDES: o que os dados têm a nos dizer?
Ricardo de Menezes Barboza, Mauricio Furtado, Humberto Gabrielli
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-35172019-2910

Este trabalho tem três objetivos. O primeiro é investigar a composição setorial dos desembolsos do BNDES desde a sua criação, em 1952, com base nos registros históricos de financiamento da instituição. O BNDES foi criado para ser o banco da infraestrutura nacional e, de fato, cumpriu esse papel na sua primeira década de existência. No entanto, a partir da década de 1960, a maior parte dos financiamentos do BNDES destinou-se para o setor industrial, ainda que de forma cadente ao longo do tempo. Apenas na década de 2010, a infraestrutura voltou a ser o setor protagonista nos empréstimos do banco. O segundo objetivo consiste em analisar o tamanho do BNDES na economia brasileira desde a sua criação. Para isso, são analisadas estatísticas de participação do bancono investimento agregado e no PIB. Os dados mostram que ainstituição aumentou significativamente de tamanho na década de 2000, especialmente entre 2009 e 2014, quando superou o tamanho prevalecente na década de 70, período marcado pelo II PND. O terceiro objetivo consiste em decompor os desembolsos do BNDES, desde 1990, por porte de empresa. Os dados revelam que grandes empresas têm sido cada vez menos - e não mais, como parece ser o senso comum - beneficiadas pelos empréstimos do banco. Isso quer dizer que micro, pequenas e médias empresas (MPME's) têm ganhado cada vez mais participação no crédito concedido pelo BNDES.

Classificação JEL: N00; N2; N25; N40.

Documento


"Apoio minhas proposições no conceito de economia monetária de produção"
José Luís Oreiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-35172019-2964

Fernando Cardim de Carvalho (1953-2018) foi o mais importante economista pós-keynesiano brasileiro. O Conselho do Brazilian Journal of Political Economy homenageia Cardim com a publicação desta entrevista concedida a José LuisOreiro em 19 de julho de 2011. É um documento importante sobre seu método apoiado solidamente na realidade, sua ampla cultura econômica, e seu pensamento teórico centrado no conceito de economia monetária de produção.

Classificação JEL: E00; B25.