v. 28 n. 4 (2008): Out-Dez / 2008


v. 28 n. 4 (2008)

Out-Dez / 2008
Publicado em outubro 1, 2008

Artigo


Globalização e inconversibilidade monetária
Ricardo Carneiro
Brazilian Journal of Political Economy

A hipótese central deste artigo é que, no contexto da globalização, a inconversibilidade monetária é um problema crucial dos países periféricos. Começa com uma breve revisão do debate de um ponto de vista histórico e, em seguida, enfatiza as visões do oposto contemporâneo sobre a fragilidade do sistema financeiro dos países emergentes: o pecado original e a hipótese da intolerância à dívida. Apesar de apoiar o primeiro, o artigo vai além e explora as implicações domésticas da inconversibilidade. Critica a proposição de incerteza jurisdicional que mostra que uma falha inerente na reserva de valor das moedas de mercados emergentes, derivada do pecado original, é a principal razão para a inconversibilidade de fato e o subdesenvolvimento do sistema financeiro doméstico desses países.

Classificação JEL: O110.


Globalização, estado-nação e catching-up
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy

A globalização e os estados-nação não estão em contradição, pois a globalização é o estágio atual do desenvolvimento capitalista e o estado-nação é a unidade política territorial que organiza o espaço e a população no sistema capitalista. Desde a década de 1980, o Capitalismo Global constitui o sistema econômico caracterizado pela abertura de todos os mercados nacionais e por uma forte concorrência entre os estados-nação. Os países em desenvolvimento tendem a se recuperar, enquanto os países ricos tentam neutralizar esse esforço competitivo, usando o globalismo como ideologia e a ortodoxia convencional como estratégia. Os países de renda média que estão alcançando o mundo da globalização são os que contam com uma estratégia nacional de desenvolvimento. Este é amplamente o caso dos países asiáticos dinâmicos. Por outro lado, os países latino-americanos não têm mais sua própria estratégia e crescem menos. Para adicionar dados ao argumento, o autor realiza um teste econométrico comparando esses dois grupos de países e três variáveis: taxa de investimento, déficit ou superávit em conta corrente que indicariam ou não uma taxa de câmbio competitiva e déficit público.

Classificação JEL: F31; F32; F4.


Uma análise da estratégia nacional de desenvolvimento da Malásia
Cleomar Gomes, Clemens Nunes
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo tem como objetivo estudar a estratégia de desenvolvimento nacional da Malásia nas últimas três décadas. Primeiramente, enfatizaremos o desenvolvimento do planejamento econômico do país, seus planos de médio e longo prazo, bem como a influência política de Mahathir. Em segundo lugar, tentaremos identificar elementos-chave no processo de crescimento da Malásia, como suas políticas cambiais e de conta corrente, a participação do governo em todo o processo e questões relacionadas à poupança interna e ao investimento direto estrangeiro. Também falaremos sobre a crise financeira de 1997.

Classificação JEL: O11; O21; O24; O53.


Liberalização da conta de capitais e crescimento econômico evidências de dados em painel para a América Latina
Aderbal Oliveira Damasceno
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é realizar uma análise empírica sobre a relação entre liberalização da conta de capital e crescimento econômico, tendo como objeto de estudo a experiência de 16 países da América Latina com dados anuais para o período 1986-2000. Os cálculos econométricos não corroboram a hipótese de que a liberalização da Conta de Capital estimularia o crescimento econômico. Os resultados sugerem um efeito adverso da liberalização da Conta de Capital no crescimento real do produto interno bruto per capita dos países.

Classificação JEL: F33; F36; F43.


Dívida pública, poupança em conta corrente do governo e superávit primário uma análise de sustentabilidade
Alexandre Manoel Angelo da Silva, Manoel Carlos de Castro Pires
Brazilian Journal of Political Economy

Neste artigo, propomos uma alteração na meta do superávit primário pela economia em conta corrente do governo. Esse conceito exclui o investimento público do superávit primário. No entanto, essa mudança levantou uma questão sobre se a poupança em conta corrente do governo representa uma política fiscal sustentável. Assim, este artigo analisa se a mudança na meta de superávit primário da economia em conta corrente do governo implica uma modificação de significado no caminho da relação dívida / PIB. A análise empírica, baseada em dados mensais brasileiros para o período 1999-2005, sugere que a mudança na meta fiscal não significa falta de sustentabilidade.

Classificação JEL: H62; H63; H69.


O comportamento da renúncia fiscal oriunda dos gastos privados com atenção à saúde entre os anos 1996 e 2003
Bernardo Sicsú, Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi, Tássia Gazé Holguin
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo apresenta uma abordagem econômica tentando obter as inter-relações entre os gastos privados em assistência médica e os impostos. Ele mostra uma visão geral das despesas da família em assistência médica, confrontadas com o total do mesmo item declarado à Secretaria da Receita Federal que foi convertido em despesas tributárias.

Classificação JEL: I18.


Metas de inflação em perspectiva a influência do trinômio reputação-credibilidade-transparência sobre a economia
Gabriel Caldas Montes
Brazilian Journal of Political Economy

Embora o regime de metas busque servir de referência para o processo de formação de expectativas dos agentes, sua implementação não implica necessariamente a aquisição ou o melhor resultado em termos de crescimento econômico. O presente artigo tem como objetivo o desenvolvimento de um modelo que explique, pelas decisões de investimento das empresas, o comportamento da trajetória de produção, a autoridade monetária da empresa pode apresentar situações distintas associadas ao trinômio reputação-credibilidade-transparência. O artigo também destaca diferentes tipos de reputação e seus graus.

Classificação JEL: E12; E22; E31; E58.


Desigualdade bancária e regional no Brasil uma nota empírica
Marcos Lima, Marcelo Resende
Brazilian Journal of Political Economy

O artigo investiga um aspecto negligenciado da desigualdade regional no Brasil, a saber, desigualdades regionais relacionadas a fluxos financeiros. Um índice sintético de desigualdade financeira regional é proposto e calculado semestralmente no período 02-1994 / 02-2000. A medida de desigualdade tenta capturar até que ponto os depósitos em um determinado estado se traduzem em operações de crédito nessa localidade. Dois resultados principais emergem. Primeiro, padrões de desigualdade não desprezíveis surgem quando se considera o segmento de bancos privados e esses são consistentes com uma proporção importante de estados com um padrão predominantemente exportador, para os quais os depósitos superam os empréstimos nessa localidade. Segundo, se alguém se concentrar no segmento de bancos públicos, um padrão oposto aparece, que é consistente com os padrões de decisão que podem ter, em parte, uma motivação de desenvolvimento regional.

Classificação JEL: G21; O18.


Política industrial e compromissos críveis uma proposta de análise e de ação governamental
Robson Antonio Grassi
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo analisa a questão das contrapartes que os governos devem reivindicar de empresas e / ou setores econômicos apoiados pela política industrial vertical. É uma discussão que ainda precisa avançar, porque tudo indica que o conjunto de contrapartes atuais (metas de custos, produtividade, exportação, etc.) ainda pode ser aumentado e aprimorado, o que facilitará a avaliação da execução da política industrial pela sociedade e a verificação de sua eficácia para gerar mais possibilidades de crescimento econômico para um país ou região. Para reforçar a credibilidade do compromisso dos agentes apoiados pela política industrial, este artigo propõe manter as contrapartidas anteriormente mencionadas e que tais agentes serão estimulados a comprometer ativos específicos em suas atividades apoiadas pelo governo. Demonstra-se que, sem utilizar mais recursos públicos do que os utilizados atualmente, essa nova contraparte pode reforçar substancialmente os incentivos que as empresas apoiadas pela política industrial vertical têm para executar as contrapartes tradicionais assumidas por elas e, com isso, garantir o melhor uso possível de recursos públicos.

Classificação JEL: L14; L52; O38.