v. 19 n. 4 (1999): Oct-Dec / 1999


v. 19 n. 4 (1999)

Oct-Dec / 1999
Publicado em outubro 1, 1999

Artigo


Concorrência schumpeteriana e suas implicações políticas: o caso latino-americano
José Tavares de Araújo Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1025

Utilizando a noção schumpeteriana de destruição criativa, este artigo discute o
papel do antitruste no processo de reforma econômica e ilustra com o caso latino-americano.
De acordo com essa noção, a concorrência é um processo em que as empresas se esforçam
para sobreviver sob um conjunto de regras em evolução que gera vencedores e perdedores.
O principal instrumento que permite às empresas estar à frente de seus concorrentes
é a introdução de assimetrias informacionais que podem resultar de inovação tecnológica,
busca de aluguel ou crime organizado. Para as autoridades públicas, esse processo implica
dois desafios. O primeiro é identificar as situações que requerem intervenção e o segundo é
garantir que a inovação seja o único instrumento disponível para criar assimetrias informacionais.

Classificação JEL: O31; B51; D82.


A abordagem neo-schumpeteriana da inovação e a probabilidade de Keynes: explorações iniciais
Marco Crocco
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1076

O objetivo do artigo é mostrar que o conceito de probabilidade de Keynes pode
enriquecer a compreensão do processo de introdução da inovação oferecido pela abordagem
neo-schumpeteriana. Para lidar com a incerteza, os neo-schumpeterianos introduzem o
conceito de rotinas. O que é sugerido aqui é que os conceitos de Grau de Crença Racional
e Peso de Argumento, que vêm da teoria da probabilidade de Keynes, quando usados em
conjunto com o conceito de rotinas, ajudam a entender a racionalidade do processo de tomada
de decisão na introdução de uma inovação.

Classificação JEL: O31.


Sistemas Nacionais de inovação e países não pertencentes à OCDE: notas sobre ‘tipologia’ rudimentar e tentativa
Eduardo da Motta e Albuquerque
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1089

Este artigo sugere uma “tipologia” provisória para Sistemas Nacionais de Inovação
(SNIs) não pertencentes à OCDE. Três categorias principais compõem essa tentativa de
“tipologia”: SNIs “madura”, alcançando a SNIs e SNIs “não madura”. Este artigo investiga
mediações teóricas que podem ser necessárias se o conceito de SNI for aplicado adequadamente
a países não pertencentes à OCDE. As estatísticas de ciência e tecnologia são usadas
para avaliar a “tipologia” sugerida. Estatísticas básicas (PIB, gastos com P&D, educação,
patentes e documentos) são apresentadas. Dados de quarenta e seis países são usados para
exercícios estatísticos. As conclusões deste artigo sugerem que é possível agrupar diferentes
países em torno de indicadores de ciência e tecnologia.

Classificação JEL: O33; O35; O43.


Modelos evolucionistas de crescimento endógeno
Hermes Higachi, Otaviano Canuto, Gabriel Porcile
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1037

O artigo apresenta as principais linhas de pesquisa seguidas por modelos evolutivos
de crescimento endógeno. Os autores pretendem mostrar como essas abordagens
constituem um programa de pesquisa como alternativa àquela seguida pelos “novos” modelos
de crescimento endógeno. Após uma comparação entre as micro-fundações evolucionárias
e as novas clássicas, o texto exibe uma síntese e uma amostra de exercícios de modelagem
ao longo de linhas evolutivas.

Classificação JEL: B25; O11; O41.


Modernidade e discurso econômico: ainda sobre McCloskey
Leda Maria Paulani
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1098

Este artigo é parte de um debate sobre retórica em economia que começou com a
publicação dos trabalhos de McCloskey e se espalhou pelo Brasil. Um artigo meu, escrito
em 1992, produziu uma intensa polêmica que apareceu na íntegra no livro editado por
Rego (Retórica na Economia, São Paulo, editora 34, 1996). No presente trabalho, tento
responder aos críticos à minha posição, confrontando as nomeações de McCloskey com as
do pragmatismo de Rorthy e considerando, por outro lado, os diferentes significados desenvolvidos
no uso do termo “retórico” por McCloskey.

Classificação JEL: B41; B31; B20.


Um novo consenso sobre o setor público e o desenvolvimento: um olhar da CEPAL
Eugenio Lahera P.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1079

Este artigo analisa o papel do estado e do governo no desenvolvimento. Na primeira
parte, a abordagem utilizada é caracterizada e são especificadas as necessidades e
possibilidades reais de participação do público no processo de desenvolvimento, concluindo
a necessidade de reformar a gestão pública. As áreas de trabalho do estado e do governo
são consideradas abaixo. Os primeiros incluem governança, instituições econômicas e segurança;
enquanto os últimos abrangem a infraestrutura nacional em um sentido amplo, gestão
do setor fiscal e financeiro, políticas sociais, serviços públicos e desenvolvimento produtivo.
Conclui-se que políticas “corretas” não são suficientes, sem o apoio institucional de
que necessitam.

Classificação JEL: O20; H50.


Moeda endógena e passividade bancária: uma análise crítica da abordagem “horizontalista” e da “teoria do circuito monetário”
Maria Cristina Penido de Freitas
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1080

O objetivo deste artigo é apresentar uma análise crítica das abordagens pós-keynesianas
que apoiam a tese de uma endogeneidade extrema da criação de dinheiro. Nem os
horizontalistas nem os teóricos do circuito monetário dão atenção especial aos aspectos
dual e dialético dos bancos, instituições orientadas para o lucro, responsáveis pela criação
de dinheiro e pela intermediação financeira. Devido a esses aspectos, a concorrência bancária
é o núcleo da instabilidade financeira e da dinâmica do crédito. Tendo como objetivo
principal a competição por lucros, os bancos agem prociclicamente ajudando a ampliar a
instabilidade da economia capitalista e a estimular atividades de especulação financeira em
vez de investimentos industriais, fonte de riqueza e reprodução material nas economias capitalistas.

Classificação JEL: E44; E51; G21; E12.


Um modelo de economia política da política monetária: descentralização de decisões e competividade por senhoriagem
Ronald Hillbrecht
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1038

Um modelo de economia política é desenvolvido para fornecer uma lógica da
política monetária em regimes de alta inflação, como a experiência brasileira até o advento
do Plano Real. Presume-se que a tomada de decisão da política monetária seja descentralizada,
onde vários tomadores de decisão determinam competitivamente a quantidade de
dinheiro. Mostra-se que a inflação em equilíbrio é maior do que no regime monetário alternativo,
no qual a tomada de decisões é centralizada no Banco Central. Uma característica
adicional importante desse modelo de economia política é que ele não depende de inconsistência
de tempo para gerar inflação alta e sub-ótima.

Classificação JEL: E52; G21; H21.


O Plano Real e a agricultura brasileira: perspectivas
Fernando Homem de Melo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1027

Este artigo analisa os efeitos das políticas macroeconômicas do Plano Real na
agricultura e discute as novas perspectivas abertas após a forte desvalorização de nossa
moeda em janeiro de 1999. A agricultura brasileira foi severamente afetada pela combinação
de altas taxas de juros – taxa de câmbio supervalorizada. Além disso, teve que enfrentar
os problemas de redução excessiva das tarifas de importação, de importações financiadas
e de baixas taxas de crescimento econômico nos últimos anos. Algumas mudanças
favoráveis no comércio internacional compensaram, pelo menos parcialmente, o problema
da supervalorização da moeda. O Brasil sempre foi reconhecido como tendo uma forte
vantagem comparativa na agricultura. A desvalorização ocorrida, a partir de janeiro de
1999, abre melhores perspectivas para o país explorar sua competitividade nos mercados internacionais.

Classificação JEL: Q14; Q17; E42.


A Economia Política como uma ciência autônoma: um estudo sobre as contribuições metodológicas de John Stuart Mill
Laura Valladão de Mattos
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571999-1071

O objetivo deste artigo é investigar possíveis inconsistências entre as posições
metodológicas de J. S. Mill sobre a ciência da Economia Política e a visão histórica do homem
e da sociedade que ele finalmente adotou. A análise de suas principais proposições
sobre o método revela que Mill era inconsistente em manter – como ele fez – a validade
universal de investigar essa ciência pelo método dedutivo. Mas dois exemplos selecionados
de seus Princípios mostram que, como economista político, Mill usava procedimentos metodológicos
alternativos quando a ocasião exigia, sendo mais consistente como cientista do
que como filósofo da ciência.

Classificação JEL: B12; B31; B41.