Este artigo argumenta que a nova “macroeconomia keynesiana” apresenta alguns
pontos fracos ao ignorar os efeitos de longo prazo da demanda agregada sobre o
funcionamento do sistema econômico. Para introduzir esta realidade, o artigo mostra que
é necessário definir as relações entre o salário real e o desemprego de forma a iluminar
as políticas cruciais de emprego e crescimento. Isso é feito através da introdução de uma
função de investimento que permite determinar diferentes caminhos de longo prazo para a
economia de acordo com o estado do “espírito animal” dos empresários.
Classificação JEL: B22; E12.
O presente artigo discute a natureza e as condições do plano de estabilização nas
sociedades democráticas, criticando a abordagem dos tecnocratas que reduz esses planos a
uma mera decisão técnica, escondendo suas consequências sociais e implicações em termos
de ganhos e perdas. A ineficácia dos planos ortodoxos e heterodoxos dos últimos anos disse
ser devido à sua falta de clareza, política e legitimidade. Um programa de estabilização não
pode ser deixado nas mãos do mercado ou não pode ser retomado com um ajuste fiscal e
restrições monetárias, mas deve ter políticas de renda, introduzidas pelo Estado e com a
participação ativa das classes sociais. A experiência das câmaras setoriais em certos ramos
das atividades industriais permite vislumbrar um novo mecanismo de coordenação de preços,
salários e preços públicos, que possa desacelerar essa inflação inercial e manter sob
controle o aumento de preços no Brasil.
Classificação JEL: E31; P13.
O projeto de lei do orçamento define as principais funções do governo. Uma vez
promulgada, sua implementação garante a prestação de serviços públicos, a minimização
da injustiça social e a busca pelo pleno emprego com a inflação sob controle. Este artigo
começa delineando as origens históricas do orçamento nacional, destacando a evolução
e sistematização do processo à medida que as nações se desenvolvem. A legislação orçamentária
do Brasil é descrita a partir da constituição de 1969. Passando à Constituição de
1988 (em vigor), critica-se a prolixidade e inconsistência do capítulo das finanças públicas.
O processo orçamentário brasileiro mostra-se excessivamente fragmentado, com três legislações
separadas, mas sobrepostas – a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Orçamento
Geral da União e o Plano Plurianual. Conclui-se que a eficácia e a transparência podem ser
aumentadas pela fusão dos três em um único ato.
Classificação JEL: H61.
A matemática é um capital geral e lógico bom para a construção da ciência
empírica. A ciência empírica pura (por exemplo, a Teoria do Finn) é um capital lógico,
mas específico, bom para a construção da ciência empírica aplicada. Este último (Estratégia
Corporativa como exemplo correspondente) é um capital dialético e específico para o
aprimoramento da arte da ciência. A complementaridade entre essas distintas esferas de
conhecimento é óbvia. No entanto, é obscurecido pelo vício ricardiano dos economistas.
Um estudo do trabalho de Ansoffs – ele é o principal protagonista da Teoria da Estratégia
Corporativa – é realizado sob essa perspectiva.
Classificação JEL: B41; A11.
A neoclassical growth model with failure in the labor market and positive externalities
accruing from rising capital intensity is presented. This model is used to support
the structuralist hypothesis that rising real wages may have a positive effect on GDP growth.
The model also challenges the orthodox conclusion that higher propensity to save necessarily
leads to higher rates of GDP growth.
Classificação JEL: O41; O15.
As previsões para o futuro da América são um pouco instáveis, mas longe de
serem sombrias. Embora os EUA provavelmente nunca recuperem a liderança que tinham
após a Segunda Guerra Mundial, possivelmente um papel tripartite com o Japão e a Alemanha
Ocidental pode ser viável. No entanto, a economia americana parece estar voltando.
Classificação JEL: F50; F54.
Este artigo discute as políticas de privatização do setor de telecomunicações no
Brasil. Levanta algumas questões relacionadas com o impacto dessas políticas e apresenta
algumas características de um modelo econométrico/computacional que pode ser usado
para analisar esse impacto. Alega que, à luz da experiência internacional, a adoção de políticas
de privatização, em geral, é necessária, mas não suficiente. Se análises estatísticas
detalhadas a respeito da estrutura industrial dos setores envolvidos não forem realizadas de
maneira adequada, é provável que a privatização não traga os ganhos de eficiência esperados.
Esse argumento é baseado nas contribuições recentes à teoria dos monopólios naturais
das modernas indústrias de produtos múltiplos.
Classificação JEL: L33; L96.
O Plano de Estabilização FHC consiste em três etapas, uma das quais é a reforma
monetária, onde inicialmente é criada uma nova moeda-de-conta como base para uma nova
moeda própria a ser emitida posteriormente em substituição ao cruzeiro real. O artigo
explora as diferenças entre indexação e reforma monetária à luz das inconsistências distributivas
geradas por um regime de alta inflação. Mostra-se que a possibilidade de soluções
explosivas para o problema de coordenação durante a transição para o dinheiro novo é
muito aumentada pelas regras propostas pelo governo.
Classificação JEL: E31.
O ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso e sua equipe deram publicidade
no último dia 7 de dezembro a um novo plano de estabilização, claramente
baseado no Plano Arida, que dois dos membros da equipe – Pérsio Arida e André
Lara Resende – apresentaram originalmente em Washington, em novembro de 1984:
Lara Resende, A. e P. Arida (1984). “Inertial inflation and monetary reform”. In
Williamson, J., org. (1985). Inflation and Indexation: Argentina, Brazil and Israel.
Cambridge, Mass.: MIT Press. Publicado em português Arida, P., org. (1986). Inflação
zero: Brasil, Argentina, Israel. Rio de Janeiro: Paz e Terra. Publicamos a seguir a
íntegra da exposição de motivos do ministro.
Maria da Conceição Tavares é uma das fundadoras da Revista de Economia Política.
Sua contribuição para a compreensão da economia brasileira e latino-americana e
de sua inserção na economia mundial é fundamental. Desde julho de 1993 ela vem
publicando artigos aos domingos, na Folha de S. Paulo. Fizemos uma seleção desses
artigos, organizamos por temas, começando pelos assuntos internacionais, e os estamos
publicando como documento, a partir da convicção de que esses artigos precisam
ficar mais facilmente disponíveis para os pesquisadores da economia brasileira.