v. 14 n. 3 (1994): Jul-Sep / 1994


v. 14 n. 3 (1994)

Jul-Sep / 1994
Publicado em julho 1, 1994

Artigo


O padrão de financiamento na industrialização coreana
Otaviano Canuto
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0798

Este artigo esboça algumas características básicas do padrão de finanças prevalecente
durante o processo coreano de industrialização pesada nos anos setenta, bem como a
reestruturação financeira pela qual a economia coreana conseguiu superar a crise da dívida
externa nos anos oitenta. A ênfase é colocada na privatização coreana de bancos estatais
e passivos externos correspondentes, em contraste com a absorção pelo Estado no caso
brasileiro.

Classificação JEL: O53; L52.


Federalismo e reforma fiscal
André Franco Montoro Filho
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-%200755

No Brasil, existe um consenso geral de que medidas de ajuste fiscal são necessárias
para obter estabilidade de preços. No entanto, isso aparece como um consenso vazio,
porque se enuncia como proposições gerais com pouco conteúdo operacional. Este artigo
pretende avançar um pouco mais apresentando questões fiscais e reformas relacionadas à
teoria do federalismo fiscal. Argumenta-se que a maioria dos problemas fiscais macroeconômicos
decorre de uma divisão pouco clara de funções entre os governos federal e estadual
e local. Resistências políticas à mudança são relatadas e um esquema de federalismo
fiscal combinado com compartilhamento de receitas é proposto como forma de superar os
obstáculos à reforma, uma vez que associa a diversidade da demanda local com a redistribuição
regional da renda.

Classificação JEL: H20; H77; H71.


A internacionalização da ciência econômica no Brasil
Maria Rita Loureiro, Gilberto Tadeu Lima
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0724

Este artigo analisa a influência exercida pelo chamado “modelo americano” na
constituição do arcabouço institucional que permitiu a consolidação da competência científica
em Economia no Brasil. Mostra os principais mecanismos pelos quais os padrões
estabelecidos nos países desenvolvidos, nos EUA em particular, foram incorporados aos
estudos de Economia no Brasil; e também, as resistências encontradas pelo processo de
internacionalização ou americanização em algumas áreas do meio universitário do país. Os
dados e tabelas organizadas oferecem uma dimensão quantitativa desse processo.

Classificação JEL: A20; A11.


Agricultura e agroindústria: perspectivas de novas configurações
Ademar Ribeiro Romeiro
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0723

Este artigo apresenta uma reflexão sobre a crise agrícola contemporânea nos
países desenvolvidos. Procuramos mostrar que isso decorre não apenas do desequilíbrio
oferta / demanda, como é suposto pela maioria dos analistas, mas também do que consideramos
fatores estruturais do padrão de modernização tecnológica. Parece que, por razões
ecológicas, é a tendência histórica de aumento da produtividade do trabalho agrícola que
permitiu o aumento da renda dos agricultores e a queda dos preços agrícolas. Nesses países,
a renda dos agricultores foi reduzida em comparação com a dos trabalhadores urbanos. A
única solução para esse problema seria transformar os produtores agrícolas em produtores
agroindustriais.

Classificação JEL: Q11; Q18.


Sobre dinheiro e valor: uma crítica as posições de Brunhoff e Mollo
Leda Maria Paulani
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0721

Este artigo trata da relação entre dinheiro e valor na obra de Marx. Tem três propósitos.
A primeira (seção I) é criticar a abordagem de Brunhoff a esse assunto em “Money
in Marx” (1978). A segunda (seção II) é demonstrar que essa concepção pode implicar em
resultados que parecem inadequados para uma correta compreensão do capitalismo. Por
fim, a seção III visa responder algumas considerações críticas feitas por Mollo (1991) sobre
a abordagem de Fausto sobre a questão. Chama-se atenção para aspectos metodológicos e
teóricos no trabalho como um todo.

Classificação JEL: D46; B51; E51.


Desregulamentação e o controle do abuso do poder econômico: teoria e prática
Elizabeth Maria Mercier Querido Farina
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0768

A desregulamentação e o renascimento da aplicação antitruste são duas tendências
recentes em países desenvolvidos e também no terceiro mundo. À primeira vista, eles
parecem inconsistentes, já que a desregulamentação enfatiza a organização do mercado
livre, enquanto a política antitruste limita as estratégias de negócios privados. Este artigo
discute as razões econômicas para a regulamentação e fiscalização antitruste e a relação entre
as políticas industriais e anti \truste. Alguns exemplos históricos são trazidos à discussão,
incluindo a experiência brasileira.

Classificação JEL: K21; L44.


Grau de organização da economia e desempenho macroeconômico
César Costa Alves de Mattos
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0737

Este artigo discute a questão da relação entre o grau de centralização do processo
decisório de preços dos agentes econômicos e a taxa de inflação. São comparados em um
modelo teórico, a sabedoria convencional que postula uma relação positiva entre as duas
variáveis, a chamada visão “neocorporativista” que coloca conclusões exatamente opostas,
e uma alternativa conciliando as outras duas que serão nossas principais foco. Também
analisaremos o comportamento das organizações na economia com base no trabalho de Olson,
levando algumas implicações interessantes para o modelo. Colocamos em perspectiva
a questão da organização sindical brasileira a partir do modelo.

Classificação JEL: E31; J51.


Pós-fordismo no Brasil
Elizabeth Bortolaia Silva
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0787

Práticas inovadoras em empresas brasileiras líderes foram observadas em uma série
de publicações de pesquisas recentes. As inovações ocorreram principalmente nas áreas
de tecnologia, organização e nos processos produtivos e de trabalho. Até que ponto essas
mudanças recentes precisariam se desenvolver e se difundir para constituir um modelo
nacional de produção e gestão do trabalho? Este artigo explora as alternativas disponíveis
para o Brasil na década de 1990, equilibrando o potencial dessas mudanças para o crescimento
– ou para a estagnação – em face das recentes tendências internacionais de novos
estilos de produção e gestão do trabalho.

Classificação JEL: P12; J01.

Comentários


Imposto inflacionário e transferências inflacionárias no Brasil
Rubens Penha Cysne
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0784

O artigo fornece dados históricos de impostos inflacionários e transferências
inflacionárias para bancos comerciais no Brasil.

Classificação JEL: E31.


Keynes e o Vício Ricardiano
Matias Vernengo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0761

O artigo tenta demonstrar que o objetivo fundamental do trabalho de Keynes como economista era resolver questões importantes na teoria econômica e não, como comumente dito, influenciar as políticas públicas. Com efeito, sua visão da economia como ciência moral, que emprega introspecção e juízos de valor, o impede de cometer o vício ricardiano, de modo que a acusação schumpeteriana é infundada. O trabalho conclui que Keynes estava ciente da Indeterminação Sênior.

Classificação JEL: B31; B21.


Distribuição de renda no Brasil nos anos 80
Antônio Corrêa de Lacerda
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571994-0733

Ao contrário do grande desenvolvimento da economia brasileira desde o pós-
-guerra até o final da década de 70, a década de 80 significou a ruptura desse ciclo e a combinação
de um processo inflacionário crônico, a estagnação econômica e o agravamento
da desigualdade de renda. Esses fatores em conjunto não se revelaram neutros quanto ao
aspecto distributivo. Entre 1981 e 1989, a renda dos 10 por cento mais ricos aumentou
14,2 por cento, enquanto a renda dos 20 por cento mais pobres diminuiu 26 por cento. Este
trabalho apresenta algumas comparações internacionais, tanto sobre a distribuição funcional
como sobre a distribuição pessoal da renda, e conclui que essa distribuição se torna
um aspecto fundamental para a estabilização e para a recuperação do desenvolvimento
econômico-social.

Classificação JEL: O15.

Documento


Criação da URV: Exposição de Motivos; Medida Provisória; Decreto
Governo Federal Governo Federal
Brazilian Journal of Political Economy

Em 27 de fevereiro de 1994, o Governo Federal publicou a exposição de motivos
para criação da Unidade Real de Valor-URV. Além disso, editou a Medida
Provisória n2434 e o Decreto nº 1066. A segunda fase do Plano Real, baseada
nas ideias originais de Pérsio Arida e André Lara Resende, ficou definida.
No dia 7 de julho de 1994, foi implantada a reforma monetária que completou
o Plano. Publicou a seguir os atos de 27 de fevereiro de 1994.