O principal objetivo deste artigo é apresentar as diferenças nas taxas de câmbio nos modelos macroeconômicos a partir das três visões teóricas atuais: Ortodoxa, Pós-Keynesiana e Novo-Desenvolvimentista. Para atingir esse objetivo, propõe-se fazer um levantamento bibliográfico da literatura sobre macroeconomia aberta e taxa de câmbio. As principais diferenças entre essas visões dizem respeito à determinação da taxa de câmbio, causas das variações da taxa de câmbio e determinação do equilíbrio da balança de pagamentos.
Classificação JEL: E12; E13; F41.
O presente texto destaca duas características que singularizam a macroeconomia da pandemia: a interdição de parte do consumo e da produção, pelas políticas de saúde pública; e um importante processo de redistribuição de renda que resulta das políticas destinadas a mitigar os efeitos da paralisia econômica sobre a saúde financeira de indivíduos e empresas. Um aspecto central deste segundo processo é a transferência de renda do setor público para o privado, que resulta em aumento da despoupança do setor público e elevação da poupança privada. A consequência é uma forte alteração da riqueza líquida dos diferentes setores da sociedade. As estimativas feitas neste trabalho indicam que entre fevereiro e agosto de 2020, no Brasil, o setor privado obteve um ganho de riqueza líquida de quase 12% do PIB.
Classificação JEL: E01; E21; E25; H51
O objetivo deste artigo é, por um lado, analisar, com base nas ideias de Keynes, a relevância da emissão de moeda e de dívida pública para mitigar a crise econômica da Covid-19 e, por outro lado, analisar o papel das convenções neste contexto.
Classificação JEL: E12; E30; E50; E60.
Este artigo compara as preferências parlamentares sobre gastos com bem-estar na Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Suécia e Reino Unido entre 1996 e 2013. A análise concentra-se na relação entre o tipo de regime de bem-estar e a oferta programática sobre o volume de gastos sociais. Foram calculados dois índices: gasto social e contenção social. Ao sair da recessão, detecta-se uma concepção cada vez mais homogênea das políticas sociais como subordinadas às políticas econômicas; a convergência ocorreu dentro de cada um dos mundos de bem-estar, mantendo a variação entre eles encontrada antes da Crise.
Classificação JEL: H; H5; H51; H52; H53; H55.
Este artigo destaca o fato de que a teoria neoclássica não pode explicar o processo de mudança econômica. Em um mundo incerto e em constante mudança, uma teoria baseada em modelos de equilíbrio estático é de pouca ajuda. Colocamos as instituições no centro da compreensão dos sistemas econômicos, uma vez que constituem sua estrutura de incentivos. Assim, a mudança econômica é em grande parte um processo intencional criado pelas percepções dos indivíduos sobre as consequências de suas ações. Essas percepções, provenientes das crenças dos indivíduos, combinam-se com suas preferências. No final, não será construída uma teoria dinâmica da mudança econômica, mas será feita uma tentativa de compreender a ligação entre as instituições e o crescimento econômico, o processo de mudança, e desenvolver pressupostos, dentro de seus limites, capazes de melhorar o ser humano, o meio ambiente e os resultados econômicos.
Classificação JEL: B15; B25; B52.
O presente artigo tem duplo objetivo: apresentar o núcleo da Modern Money Theory e sua recente ascensão no debate brasileiro, a qual se deu a partir da publicação dos artigos de Lara Resende na imprensa, em 2019, seguidos pela publicação de seu livro em 2020. Para tanto, o trabalho está dividido em três seções, além da introdução e de considerações finais. Na primeira, apresentamos o core da MMT. Na segunda seção, algumas das críticas ortodoxas e heterodoxas enviadas ao MMT são discutidas. Na terceira seção, apresentamos o espraiamento das ideias da MMT no Brasil, observando o contexto macroeconômico e político peculiar no qual isso se deu. Uma crítica às contribuições de Lara Resende numa chave de “economia política” é feita na conclusão.
Classificação JEL: E12; E60; E66.
Trabalhos anteriores dos intérpretes de John R. Commons enfatizaram a influência de várias referências teórico-metodológicas (por exemplo, pragmatismo, evolucionismo, etc.) na formação de seu pensamento econômico. No entanto, quase nenhuma menção é feita à influência da física de partículas e da relatividade, que, conforme debatemos, fornecem fontes de insights para seu trabalho. Este artigo explora essas conexões, mostrando que John R. Commons não estava apenas interessado nos avanços dessa ciência, mas também foi inspirado por eles para produzir paralelos e analogias que permitiram que sua teoria escapasse das armadilhas do individualismo e do determinismo enquanto incorporava tempo e espaço de forma inovadora no discurso econômico.
Classificação JEL: B15; B25; B31.
Este estudo buscou analisar, para o caso brasileiro, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Usou-se o conceito de externalidade negativa e falha de mercado para entender a necessidade de políticas ambientais capazes de favorecer o desenvolvimento sustentável dos países. Os resultados mostraram a importância da escala para o registro de projetos. O setor de energia, por exemplo, tem mais projetos de pequena escala que foram criados para simplificar os procedimentos e diminuir os custos. Concluiu-se, de forma geral, que o MDL se tornou um marco histórico internacional, pois é uma ferramenta de caráter inovador na contribuição à mitigação das mudanças climáticas. Contudo, apesar de sua importância ser reconhecida globalmente, observou-se que o mecanismo foi se enfraquecendo com o passar do tempo e há incertezas a respeito da vigência do Protocolo de Quioto.
Classificação JEL: Q01.
O objetivo desta resenha é discutir a formação do conhecimento proposto por Keynes em seu Tratado sobre Probabilidade e o comportamento dos agentes econômicos em um cenário de incerteza apresentado em sua Teoria Geral, pelas perspectivas da Economia da Narrativa e Economia Comportamental. A hipótese a ser analisada é que, em um cenário de incerteza keynesiano, os agentes econômicos tendem a agir de acordo com seu contexto (social, geográfico, histórico, cultural), divulgando narrativas pelas quais se identificam, e orientam decisões que causam movimentos sensíveis nos agregados econômicos. Revisitando a literatura, podemos concluir que, reunindo a economia comportamental e a teoria da economia narrativa, a partir dos insights de Keynes sobre seus escritos, podemos perceber fortes evidências empíricas que podem ser analiticamente importantes na avaliação das flutuações econômicas.
Classificação JEL: B50.
A primeira experiência desenvolvimentista chilena ocorreu durante os quatorze anos (1938-1952) de governos democráticos do Partido Radical. Tal partido, apesar de ser formado pelas classes médias, tinha a questão social e a diminuição da dependência externa como preocupações centrais. Assim, o objetivo do presente artigo é entender as especificidades dos governos desenvolvimentistas e radicais no Chile, partindo do argumento que eles perseguiram, concomitantemente, a construção de um desenvolvimentismo nacional, democrático e social. Para tanto, será explorado o conceito de desenvolvimentismo em si, para então analisar política econômica do período.
Classificação JEL: N16; O10; O20.
O artigo faz uma leitura histórica das ideias econômicas sobre o problema da desigualdade e da pobreza. Partindo das reflexões de David Ricardo, percorre-se a trajetória das preocupações dos economistas com o tema, na tentativa de demarcar as fases em que a atenção da profissão se concentrou em um aspecto do problema da justiça social, bem como suas causas e seus efeitos sobre o comportamento dos indivíduos e da economia. Atenta-se, em particular, para a sensibilidade da agenda de pesquisa aos vários contextos históricos, bem como às inovações metodológicas e tecnológicas. A agenda de pesquisa é predominantemente marcada pelo foco na distribuição funcional da renda até os anos 1980, quando a pobreza se torna o centro das atenções, motivando a elaboração de métodos de distribuição pessoal da renda (size distribution). Oferece uma releitura panorâmica e nãolinear das ideias econômicas sobre desigualdade e pobreza, um tema que vem ganhando crescente importância nos desenvolvimentos analíticos da economia nos últimos 15 anos, em que a problemática da concentração de riqueza ganhou contornos mais elaborados, abrindo uma nova frente de investigações sobre justiça social e o papel da política pública.
Classificação JEL: B11.
O artigo se situa no âmbito das discussões contemporâneas que desafiam a sociologia econômica e a sociologia do trabalho a refletir sobre um novo fenômeno socioeconômico: a chegada de sindicalistas no mercado financeiro, via criação e, sobretudo, a gestão de fundos de pensão. Atores sociais da construção deste novo fenômeno financeiro, os sindicalistas passam a (re)significar não somente suas estratégias, mas também seus discursos, agregando questões morais e sociais aos interesses do mercado. O trabalho demonstra que o novo éthos do sindicalismo brasileiro busca utilizar a própria lógica do capital na resistência contra a financeirização da economia e a reestruturação produtiva.
Classificação JEL: J51.