v. 37 n. 1 (2017): Jan-Mar / 2017


v. 37 n. 1 (2017)

Jan-Mar / 2017
Publicado em fevereiro 26, 2020

Artigo


A teoria da moeda endógena e o cronograma LM: abertura para uma reconstrução do modelo IS-LM
Thomas I. Palley
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a01

A moeda está no centro da macroeconomia e a oferta de moeda é portanto central para a teoria macroeconômica. Este trabalho apresenta a teoria pós-keynesiana da oferta de moeda endógena e mostra como ela é fundamentalmente diferente da teoria da oferta de moeda convencional. A abordagem convencional se baseia no multiplicador da moeda, e o crédito bancário permanece invisível. O artigo enfatiza a versão estruturalista da teoria pós-keynesiana que mantém a teoria de Keynes da preferência pela liquidez das taxas de juro de longo prazo e também reconhece que os bancos estão sujeitos a restrições financeiras que limitam suas atividades de empréstimo. O documento, em seguida, mostra como derivar o cronograma LM em uma economia monetária endógena, que é um prelúdio necessário para reconstruir o modelo ISLM.

Classificação JEL: E51; E52; E58.


A economia como objeto socialmente construído nas análises regulacionista e da Economia Social de Mercado
Miguel Bruno, Ricardo Caffe
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a02

O artigo discute os argumentos ontológicos em defesa das especificidades dos fenômenos econômicos, comparativamente aqueles encontrados nos sistemas inorgânico e orgânico. Sua posição epistemológica é antipositivista e antineoclássica, sustentando que a tentativa de naturalizar os sistemas socioeconômicos, que marca a Economia, desde os fisiocratas, tem contribuído para enfraquecer seu potencial heurístico, explicativo e preditivo. A problemática é desenvolvida partindo-se de uma análise comparativa entre a Teoria da Regulação e a Economia Social de Mercado, correntes teóricas onde o conceito de instituição e a historicidade inerente às relações de produção e de distribuição são consideradas centrais. Diferentemente dos objetos da natureza, cujas regularidades e processos não foram originalmente criados pela práxis humana, o objeto econômico é social e politicamente construído e precisa ter, portanto, estatuto teórico-metodológico específico. Em consequência, a pertinência das teorias face às regularidades micro e macroeconômicas observadas não pode ser alcançada por uma abordagem axiomática que faz da Economia uma ciência essencialmente lógico-dedutiva e a-histórica por construção, nem tampouco pela pressuposição da existência de leis gerais invariantes, puramente econômicas e inescapáveis.

Classificação JEL: A11; B1; B2; B4; B5.


A política monetária na perspectiva pós-Keynesiana
Philip Arestis, Fábio Henrique Bittes Terra
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a03

O objetivo desta contribuição é desenvolver um modelo pós-keynesiano de política monetária, apresentando seus objetivos, instrumentos e canais de transmissão. A originalidade desta contribuição consiste, seguindo-se as propostas de Keynes (1936, 1945), em se instituir a administração de dívida como um dos instrumentos da política monetária, em conjunto com os tradicionais, taxa de juros e regulação. Ademais, o artigo constrói seu modelo teórico resgatando amplamente os escritos originais de John Maynard Keynes. Um modelo de política monetária erigido desta forma relaciona-se diretamente aos esforços pós-keynesianos de oferecer uma forma de condução da política monetária que seja alternativa ao Regime de Metas de Inflação, proposto pelo Novo Consenso Macroeconômico.

Classificação JEL: E12; E5; E42.


Raúl Prebisch e a concepção e evolução do sistema centro-periferia
Joaquim Miguel Couto
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a04

Este artigo descreve a trajetória profissional de Raúl Prebisch e, ao mesmo tempo, analisa sua contribuição teórica no momento em que buscava decifrar a história e os problemas do desenvolvimento econômico da América Latina. De assessor de ministros a direção do Banco Central Argentino, da CEPAL para a UNCTAD, batalhas não lhe faltaram. Enquanto trilhava suas funções públicas, Prebisch foi interpretando teoricamente o mundo em que vivia. Nasceu, assim, o sistema centro-periferia, que incluía as ideias do crescimento para dentro, a deterioração dos termos de intercâmbio e a luta pela industrialização através da substituição de importações.

Classificação JEL: B31; B22; O14.


Democracia e crescimento em países pré-industriais
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a05

Este trabalho distingue três tipos de país (rico, de renda média e pré-industrial) e centra-se no último, que, ao contrário dos outros dois, não completou suas revoluções industrial e capitalista. Um país pré-industrial pode ser governado bem e sob a democracia? Hoje a democracia é um valor universal e, portanto, os países estão sob a pressão do Ocidente e de sua própria sociedade para serem democráticos, embora suas sociedades não sejam suficientemente maduras, nas quais o excedente econômico seja apropriado pelo mercado. De fato, nenhum país completou sua revolução industrial e capitalista no âmbito de uma democracia mínima. Além disso, o país pré-industrial é extremamente difícil de governar, porque ele geralmente não tem uma nação forte e estado capaz. Esta dupla pressão representa um grande obstáculo ao seu desenvolvimento.

Classificação JEL: P01; P16.


Regulação dos fluxos de capitais no Brasil: Uma avaliação do período 2009-2013
Daniela Magalhães Prates, Luiz Fernando de Paula
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a06

O Brasil foi um dos países emergentes que enfrentou fortes pressões de apreciação cambial entre o 2º trimestre de 2009 e julho de 2011. É sob este contexto que pode ser entendida a aplicação da Regulação da Conta Capital (CAR) depois de 2009, que foi complementada com outro tipo de regulação, a Regulação dos Derivativos Cambiais (FXDR). Este trabalho mostra que, somente quando o governo brasileiro adotou estes dois tipos de regulação simultaneamente, houve um aumento da eficácia das políticas em deter essas pressões. A experiência brasileira também revela que não é possível estabelecer uma hierarquia entre os instrumentos temporários para gerenciar fluxos de capital e medidas prudenciais permanentes, tal como defende a abordagem atual do FMI.

Classificação JEL: F31; F32; F53.


Por que o governo Dilma não pode ser classificado como novo-desenvolvimentista?
Marcelo Curado
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a07

Este artigo examina o papel da agenda novo desenvolvimentista para as ações na área econômica do governo Dilma Rousseff. O artigo pretende contribuir para a área de pesquisa que examina a relevância de escolas do pensamento econômico para a política econômica no Brasil. A conclusão central é que – a despeito da elevação da intervenção do Estado na economia – nós não podemos argumentar que a agenda novo desenvolvimentista jogou um papel importante no governo Dilma Rousseff. A ausência de uma “estratégia nacional de desenvolvimento” e de elementos essenciais da política macroeconômica novo desenvolvimentista suportam esta conclusão.

Classificação JEL: N16; O11; O54.


O euro e a crise europeia recente vis-à-vis o padrão ouro e a grande depressão: institucionalidades, especificidades e interfaces
Giuliano Contento de Oliveir, Paulo José Whitaker Wolf
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a08

O artigo busca estabelecer interfaces entre a Grande Depressão dos anos 1930 sob o Padrão Ouro e a Crise Europeia recente sob o Euro. Argumenta-se que, a despeito de suas especificidades, as duas crises revelaram os efeitos potencialmente nocivos, em termos econômicos e sociais, de arranjos institucionais que reduzem consideravelmente a autonomia das políticas monetária, fiscal e cambial dos países participantes, sem, entretanto, serem acompanhados pelo aumento da cooperação liderado por uma potência hegemônica, em âmbito global (no caso da Grande Depressão) ou regional (no caso da Crise Europeia), que não apenas seja capaz, mas que também esteja disposta a exercer as funções de comprador e emprestador de última instância, sobretudo em momentos caracterizados pelo aumento da incerteza, pela deterioração do estado geral das expectativas e pelo aumento da preferência pela liquidez. De fato, tanto os países do centro europeu no passado como os países da periferia europeia no período recente foram efetivamente empurrados em direção a ajustes deflacionários em que a redução de preços e salários foi acompanhada pela redução da produção e do emprego. Assim, na ausência da possibilidade de se restaurar a autonomia de política econômica, a superação da crise pressupõe, tanto antes – sob o padrão ouro – como atualmente – sob o Euro –, ações conjuntas destinadas a assegurar que a responsabilidade do ajuste seja distribuída igualmente entre as economias e que, portanto, algumas delas não sejam beneficiadas à custa de outras nesse processo.

Classificação JEL: F50; F55; N10.


Por que a China do início da idade moderna não conseguiu fazer a transição para o capitalismo?
Tiago Nasser Appel
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a09

Neste artigo, lançamos a seguinte pergunta: por que a China do Início da Idade Moderna não conseguiu fazer a transição para o capitalismo, tal como viemos a conhecê-lo no Ocidente? Embora a China estivesse à altura da Europa em características econômicas chave – comercialização e comodificação de bens, terra e trabalho – até o século XVIII, nós sugerimos que ela não embarcou em uma trajetória de acumulação capitalista por causa do “Fato do Império”. Carecendo do nível de dificuldades fiscais encontradas na Europa do Início da Era Moderna, a China Imperial não precisou taxar pesadamente os comerciantes e os notáveis; portanto, ela não precisou negociar direitos e obrigações com a classe mercantil. De forma mais inovadora, também propomos que a relativa falta de dificuldades fiscais na China militou contra o desenvolvimento de uma “simbiose virtuosa” entre a taxação, a monetização da economia e a dívida pública. Falamos em “simbiose virtuosa” porque foi, essencialmente, a mobilização dos recursos sociais – via dívida pública e impostos – em prol da manutenção de uma força militar o que criou as primeiras grandes oportunidades para os comerciantes e banqueiros acumularem uma riqueza sem precedentes.

Classificação JEL: N; H2; F5.


Transformações na estrutura produtiva global, desindustrialização e desenvolvimento industrial no Brasil
Celio Hiratuka, Fernando Sarti
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a10

Este artigo tem como principal objetivo destacar as principais transformações da economia global que condicionam o desenvolvimento industrial brasileiro e suas possibilidades de avançar em direção a uma estrutura produtiva mais robusta. Argumenta-se que o debate sobre a desindustrialização no Brasil, embora tenha tido uma importante contribuição para ressaltar a importância da indústria para o desenvolvimento econômico, não aprofundou a discussão sobre os limites e possibilidades de desenvolvimento industrial brasileiro por não considerar adequadamente estas transformações, associadas principalmente ao acirramento da concorrência global e à reorganização das grandes empresas transnacionais.

Classificação JEL: O1; O5; F6.


Uma perspectiva realista crítica sobre ação coletiva em economia
Thiago Duarte Pimentel, Rodrigo Siqueira Rodriguez
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a11

A visão predominante na economia tradicional assume que o objeto de análise das relações econômicas é o indivíduo, seja pela interação econômica entre eles (troca) seja pela interação econômica entre indivíduos e coisas (produção). Dificilmente a ciência econômica assume suposições a respeito de indivíduos organizados coletivamente. Em geral, quando o faz, assume que estas formas sejam um efeito agregado das ações individuais isoladas, ensejando assim uma posição baseada no individualismo metodológico. Em microeconomia, por exemplo, uma afirmação sobre um grupo de indivíduos, uma firma ou mesmo a sociedade, assume necessariamente que suas ações sejam abordadas a partir dos efeitos de maximizações individuais, ainda que isso exija a generalização de condições rígidas sobre o comportamento humano, improváveis para sustentar as crenças e desejos individuais. Esse trabalho tem como objetivo apresentar um modelo de análise alternativo àquele paradigma, que simultaneamente esteja comprometido com uma análise realista e incorpore elementos contextuais e empíricos alusivos à conduta humana. Situando nosso foco no nível mesossociológico de análise, argumentamos que a análise da ação coletiva, fundamentada no realismo crítico, constitui-se numa alternativa para direcionar os estudos em economia.

Classificação JEL: B1; B41; B5.


A balança comercial é uma restrição ao crescimento econômico dos estados brasileiros? Uma análise para o período de 1991 a 2009.
Felipe de Souza Bastos, Guilherme Irffi, Ivan Castelar
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a12

Este trabalho investiga se há de fato uma restrição imposta pelo balanço de pagamentos – via relação entre as elasticidades renda das importações e das exportações – sobre o crescimento econômico dos estados brasileiros. Em outros termos, verifica-se a validade da Lei de Thirlwall para a economia dos estados brasileiros no período de 1991 a 2009. Para tanto, estima-se as referidas elasticidades por meio do estimador para painéis dinâmicos system-GMM, que contorna, além dos problemas clássicos de estimação, o viés de endogeneidade do painel dinâmico. Os resultados apontam para a validade da lei, visto que a elasticidade-renda das importações mostrou-se superior a elasticidade-renda das exportações.

Classificação JEL: E12; F00; C01.


Cooperação monetária: uma análise sobre o SUCRE
Alexandre Jerônimo de Freitas, Marcelo Pereira Fernandes
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a13

A iniciativa do Sistema Único de Compensação Regional de Pagamentos, o SUCRE, acertado entre os principais países que compõe a ALBA, nasceu num contexto internacional de grande turbulência provocado pela crise financeira de 2008. Ainda em processo de consolidação, o sistema possui metas ambiciosas, entre elas a dissociação progressiva do uso do dólar. O objetivo deste artigo é analisar o SUCRE em vigor desde janeiro de 2010. A iniciativa poderá se tornar um passo fundamental para construção de uma nova arquitetura financeira regional que reduza a vulnerabilidade externa e as assimetrias estruturais da região.

Classificação JEL: F02.

Documento


Marxist and post-Keynesian
Maria de Lourdes Rollemberg Mollo
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31572016v37n01a14

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