v. 16 n. 4 (1996): Oct-Dec / 1996


v. 16 n. 4 (1996)

Oct-Dec / 1996
Publicado em outubro 1, 1996

Artigo


Modelos ortodoxos de inflação alta: uma análise crítica
Luiz Antonio de Oliveira Lima
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0936

Este artigo argumenta que os modelos ortodoxos de alta inflação para países
em desenvolvimento, baseados no modelo seminal de hiperinflação de Cagan, apresentam
alguns pontos fracos ao ignorar a complexidade trazida à economia pela alta inflação, além
de assumir que os agentes econômicos podem permanecer nessa situação, porque eles são
dotados de uma “racionalidade ilimitada” para tomar suas decisões. O artigo também
argumenta que, para entender esse processo e sugerir políticas adequadas, é necessário
reconhecer que um processo desinflacionário requer políticas graduais que permitam aos
agentes econômicos ajustar seu comportamento às novas circunstâncias provocadas por
essas políticas. A hipótese a ser feita sobre esse comportamento é a caracterizada por uma
“racionalidade limitada”.

Classificação JEL: E31; E13.


A inflação decifrada
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0955

Este artigo é um relato do processo intelectual que levou, no início dos anos 80,
à definição de uma nova teoria econômica – a teoria da inflação inercial – e à proposta de
políticas heterodoxas para lidar com esse tipo de inflação alta e crônica, que, em termos
de intensidade, permanece entre inflação moderada ou usual e hiperinflação. A teoria diz
que esse tipo de inflação é a consequência de ajustes de preços escalonados. Os agentes
econômicos estão envolvidos em um processo interminável de equilibrar e desequilibrar os
preços relativos, acompanhando a inflação em curso, indexando formal ou informalmente
seus preços. Para combater esse tipo de inflação, políticas fiscais e monetárias ortodoxas ou
convencionais são insuficientes. Além disso, é necessário adotar um mecanismo heterodoxo
que neutralize a inércia, possibilitando parar a inflação. Faz parte de um livro em preparação,
onde o autor relata sua experiência como ministro das Finanças do Brasil em 1987.

Classificação JEL: E31; B22.


Contestabilidade e integração econômica no Hemisfério Ocidental
José Tavares de Araújo Jr.
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0976

Este artigo discute a harmonização das políticas de concorrência no Hemisfério
Ocidental. Utilizando a teoria dos mercados contestáveis, apresenta uma estrutura analítica
que mostra os requisitos para alcançar coerência entre as diferentes políticas que afetam
o processo de concorrência. De acordo com essa teoria, os parâmetros normativos para
monitorar a conduta da comunidade empresarial devem estar subordinados a algumas
características especiais de cada setor, a saber, a relação custos de transação / custos de
produção, a natureza das barreiras à entrada e a interação entre as tecnologias existentes e
o tamanho do mercado. Essa abordagem permitiria o envolvimento imediato de todos os
34 países membros da OEA no esforço de convergência das políticas de concorrência no
Hemisfério Ocidental, independentemente do status das leis nacionais antitruste. De fato, o
único requisito para participar desse esforço é uma base de dados confiável que descreva as
condições atuais da concorrência em cada economia.

Classificação JEL: F15; L13.


O princípio da demanda efetiva (a esperada). e o papel da demanda na teoria geral de Keynes
Victor Hugo Klagsbrunn
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0870

A demanda efetiva foi definida por Keynes como aquela que o empresário espera
no momento em que decide investir. A partir dessa decisão, todas as outras variáveis
essenciais são determinadas pelo modelo desenvolvido em A Teoria Geral, desde que uma
série de outras variáveis seja considerada um dado. O modelo de Keynes, portanto, está
situado no momento ex ante, sem considerar mudanças autônomas em variáveis que não
são investimentos per se. A construção, os pressupostos e as consequências do princípio da
demanda efetiva afetam seriamente os resultados que podem ser alcançados por sua aplicação,
devido em grande parte às contradições inerentes ao tratamento de Keynes no mercado
consumidor e, principalmente, à propensão a consumir. Excluindo considerações e variáveis
de mercado, o modelo desenvolvido em A Teoria Geral representa apenas parcialmente o
que ocorre na economia, mesmo quando o investimento varia, pois é considerado um desembolso
autônomo que não depende de variáveis de produção, emprego, renda ou demanda
que podem ocorrer, independentemente de surgirem ou não de investimentos anteriores.

Classificação JEL: B22; E12.


As experiências internacionais de regulação para as telecomunicações e a reestruturação dos serviços no Brasil
Anne-Marie Maculan, Liz-Rejane Legey
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0911

Os serviços de telecomunicações foram submetidos a grandes mudanças tecnológicas
e econômicas durante a última década, que deram origem a um novo padrão de
demanda e introduziram novos parâmetros competitivos no mercado global dos fornecedores.
A batalha competitiva na prestação de serviços de telecomunicações está obscurecendo
as fronteiras entre o setor público e o privado. Nesse processo, as antigas estruturas
institucionais não são mais adequadas para a prestação de novos serviços. Experiências em
reestruturação de telecomunicações estão ocorrendo em muitos países diferentes, com fortes
impactos em nível internacional. O presente trabalho tem como objetivo analisar essas
mudanças e os desafios que o setor de telecomunicações brasileiro deve enfrentar, a fim de
contribuir para o debate sobre uma nova política pública.

Classificação JEL: L51; L33; O30.


Mudança estrutural no emprego no México e o impacto do Nafta
Enrique Dussel Peters
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0930

A sociedade e a economia mexicana estão numa encruzilhada histórica extremamente
complexa. A estratégia mexicana de liberalização, da mesma forma que em muitos
outros países da América Latina, privilegiou os aspectos macroeconômicos, ignorando
questões cruciais como a poupança e o investimento doméstico, o crescimento e o emprego,
dentre outras. Os Resultados dessa estratégia são insustentáveis e apresentam diversas fragilidades, como ficou manifestado na crise de dezembro de 1994. Um aspecto importante dessa situação é que o setor privado está no centro da crise. Apenas algumas atividades econômicas têm sido capazes de gerar oportunidades de emprego acima do mínimo necessário à sociedade mexicana. Diversos modelos de séries de tempo demonstram que o crescimento do PIB é fundamental para a geração de emprego; entretanto, é difícil imaginar que seja possível obter um crescimento anual do PIB maior que 10%, o nível necessário para absorver o crescimento da população economicamente ativa. Para atenuar essa situação, uma profunda reformulação da estratégia de liberalização e uma política explícita de geração de empregos são sugeridas.

Classificação JEL: F62; F43; F36.


De México a México: o desempenho da América Latina nos años 90
Mário Damill, José María Fanelli, Roberto Frenkel
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0656

O objetivo deste artigo é avaliar o desempenho das economias latino-americanas nos anos 90, até a crise do México de dezembro de 1994. A avaliação enfoca o problema da sustentabilidade das tendências macroeconômicas observadas na presente década e algumas características de longo prazo implícitas no desempenho recente em matéria de crescimento. Duas principais conclusões do artigo são que, após a crise do México - país que exercia até então uma influência positiva na atração de capitais -, as análises sobre as economias da região passaram a compreender que o processo de modernização em curso não era imune a crises, e que, dada a revisão nos indicadores de risco-país, os futuros ingressos de capitais não se assemelharão, em quantidade e tipo, àqueles do início dos anos 90, colocando em permanente mudança as decisões de investimentos na região.

Classificação JEL: G01; O40.

Pequeno Artigo


Estados Unidos versus Europa: mercados distintos, maneiras diferentes de fazer ciência econômica
Fabio Sá Earp
Brazilian Journal of Political Economy
https://doi.org/10.1590/0101-31571996-0958

Este artigo é uma síntese do debate sobre as características do ensino e pesquisa
em economia na Europa e nos EUA. Dois padrões de mercado são definidos para as atividades
dos economistas e suas alterações em um futuro próximo são definidas.

Classificação JEL: Z13; A29; J24.