v. 32 n. 3 (2012): Jul-Set / 2012


v. 32 n. 3 (2012)

Jul-Set / 2012
Publicado em julho 1, 2012

Artigo


Macroeconomia estruturalista e o novo desenvolvimentismo
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo apresenta primeiro algumas idéias e modelos básicos de uma macroeconomia estruturalista do desenvolvimento que complementa e atualiza as idéias da economia estruturalista do desenvolvimento dominante entre as décadas de 1940 e 1960. Um sistema de três modelos com foco na taxa de câmbio (a tendência à supervalorização cíclica da taxa de câmbio, uma crítica ao crescimento com poupança externa e um novo modelo da doença holandesa) mostra que ela não é apenas volátil, mas supervalorizada cronicamente, e por esse motivo, não é apenas um problema macroeconômico; como desequilíbrio de longo prazo, está no cerne da economia do desenvolvimento. Segundo, resume o “novo desenvolvimentismo” - uma soma de políticas de crescimento baseadas nesses modelos e na experiência dos países asiáticos de rápido crescimento.

Classificação JEL: E0; E19; O11; B22.


O fenômeno do "hot money" no Brasil
Mylène Gaulard
Brazilian Journal of Political Economy

Devido às altas taxas de juros, o Brasil atrai cada vez mais fluxos de capital especulativos, denominados “hot money”, sob a forma de empréstimos estrangeiros, investimentos diretos ou em carteira. Na verdade, o país está diretamente envolvido em uma estratégia de carry-trade que tende a apreciar o real, o que penaliza as exportações brasileiras de produtos manufaturados. Além disso, as entradas de capital são extremamente voláteis e sua saída, causando uma queda nos empréstimos concedidos aos bancos privados brasileiros, pode provocar uma explosão perigosa da bolha especulativa que eles contribuíram para formar no setor imobiliário brasileiro.

Classificação JEL: F32; E44; O54.


Quinze anos de rigidez monetária no Brasil pós Plano Real: uma agenda de pesquisa
André de Melo Modenesi, Rui Lyrio Modenesi
Brazilian Journal of Political Economy

The paper makes a review of literature and a research agenda on the anomaly of Brazilian monetary policy. Following a retrospect of the first 15 years after the Real Plan, there is a review of studies aiming to explain the high real interest rate. None of the summarized theses can completely explain the phenomenon. The main research opportunities are: deepening of empirical evidence of monetary policy efficacy loss; improvement in mensuration of its inefficacy; and improvement of alternative instruments to control inflation. The field of political economy is also fertile. One should assess the relevance of oligopolies as an explaining factor of persistence of high inflation.

JEL Classification: E31.


Brasil como uma economia emergente: um novo milagre econômico?
Edmund Amann, Werner Baer
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo mostra que recursos abundantes e fé cega em um futuro otimista não podem resultar em crescimento sustentável no Brasil. Existem várias deficiências em várias áreas que tornam quase impossíveis alcançar taxas de crescimento sustentadas, como baixo índice de investimento, deficiências na criação de capital humano, altas taxas de juros que levam a uma taxa de câmbio não competitiva e à falta de desenvolvimento de infraestrutura.

Classificação JEL: O11; O12; O43; O54.


Regime cambial e mudança estrutural na indústria de transformação brasileira: evidências para o período (1994-2008)
Eliane Araújo, Miguel Bruno, Débora Pimentel
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo propõe uma análise da relação entre regime cambial e evolução da indústria manufatureira brasileira no período 1980-2008. Seu principal objetivo é detectar a direção das mudanças estruturais impostas pela nova forma de íon internacional consolidada ao longo dos anos 90. O trabalho também fornece novas evidências empíricas sobre os pressupostos da desindustrialização e da "doença holandesa", que marcam o debate atual sobre os efeitos da valorização da taxa de câmbio real na economia brasileira.

Classificação JEL: F31; L16; L17; L25.


Liberdade de escolha e racionalidade limitada: Uma breve avaliação da economia comportamental
Roberta Muramatsu, Patrícia Fonseca
Brazilian Journal of Political Economy

A economia comportamental abordou questões positivas e normativas interessantes subjacentes à teoria da escolha racional padrão. Mais recentemente, sugere que, em um mundo real de agentes racionalmente limitados, os economistas poderiam ajudar as pessoas a melhorar a qualidade de suas escolhas sem prejudicar a autonomia e a liberdade de escolha. Este artigo tem como objetivo examinar os argumentos disponíveis a favor e contra as propostas atuais de intervenções paternalistas leves, principalmente no domínio da escolha intertemporal. Argumenta que a incorporação da noção de racionalidade limitada na análise econômica e nos achados empíricos de vieses cognitivos e problemas de autocontrole não pode constituir um argumento indiscutível para o paternalismo.

Classificação JEL: B40; B41; D11; D91.


Mudança estrutural e mercado de trabalho no Brasil
Rafael Camargo de Pauli, Luciano Nakabashi, Armando Vaz Sampaio
Brazilian Journal of Political Economy

No presente artigo, procuramos identificar as fontes das mudanças no nível de escolaridade do trabalho nos três principais setores da economia brasileira: manufatura, serviços e agricultura. Verificou-se que, apesar das mudanças no produto e no emprego entre os setores, principalmente nos anos 90, a demanda relativa por trabalhadores qualificados não experimentou mudanças significativas. Além disso, nos períodos em que a escolaridade aumentou mais, o salário dos trabalhadores diminuiu mais. Esse fato sugere que o aumento da qualificação da mão-de-obra se deve principalmente ao aumento da oferta desse fator. As mudanças estruturais contribuíram, em geral, de maneira marginal e negativa para o nível de demanda de qualificação da força de trabalho nos três setores.

Classificação JEL: F16; I20; J22; J23; J24.


Estimando o retorno à educação do Brasil considerando a legislação educacional brasileira como um instrumento
Wladimir Teixeira, Naércio Aquino Menezes-Filho
Brazilian Journal of Political Economy

Este artigo tem como objetivo estimar o impacto da educação sobre os salários no Brasil. Foram utilizados o PIB, a população e o número de escolas no estado e o ano em que o indivíduo nasceu como instrumento para o seu nível educacional. Nesse contexto, o artigo considera outro instrumento, a Lei Brasileira de Educação nº 5692, de 1971. Os resultados mostram que a Lei nº 5692, de 1971, e o número de escolas no ano de nascimento do indivíduo têm uma relação positiva com a sua educação. os retornos à educação diminuem substancialmente quando o método das variáveis instrumentais é usado.

Classificação JEL: J30; J31; I21.


Defasagem Idade-Série a partir de distintas perspectivas teóricas
Rosana Ribeiro, Maria Cristina Cacciamali
Brazilian Journal of Political Economy

O objetivo deste artigo é analisar os determinantes da diferença de faixa etária com base na teoria do capital humano e em algumas abordagens da sociologia da educação. O artigo também mostra a abrangência e as limitações do Programa Bolsa Família (Transferência de Bolsas de Estudo para a Família) nesse processo de redução da diferença de faixa etária. Pelos aspectos teóricos investigados, pode-se concluir que este Programa só mostraria eficácia a longo prazo no processo de redução da pobreza se apoiado em pelo menos uma combinação de programas e ações que visam melhorar esse indicador educacional.

Classificação JEL: I25.


Comércio com a China e a estratégia no desenvolvimento econômico recente da América Latina
Ernesto A. O'Connor
Brazilian Journal of Political Economy

O comércio entre a América do Sul e a China tem sido uma fonte importante do alto crescimento demonstrado por essas economias nos anos 2000. Durante a globalização dos anos 90, o comércio entre a região e a China não se desenvolveu muito. Um crescimento bastante acentuado da presença da China no comércio mundial desde o início dos anos 2000 mudou as tendências do comércio mundial para os países do MERCOSUL, ou, pelo menos, para muitos deles. O impacto do crescente comércio de produtos agroalimentares tem sido muito relevante e diferente por país. A estratégia é outra questão importante, referente às relações bilaterais com a China. Este país deve ser visto como um parceiro no comércio global, e não como um novo investidor estrangeiro para a região, mas isso pode ser diferente no contexto de diferentes estratégias nacionais dos países da América do Sul.

Classificação JEL: F14; N55; N56; O13; Q17.